I.
No meio da amoralidade, o coração negro do Pierrot batia forte. Eram tantas presas fáceis! Difícil escolher apenas uma.
II.
Sua mãe dizia que ela nascera para ser rainha. E a profecia se realizava, por um dia, a cada ano, ao longo da avenida.
III.
O fracassado lutador de sumô fugira do Japão em desonra. No Brasil, encontrou a felicidade: todo fevereiro, virava Rei!
IV.
Adorava o Carnaval. Nessa época, sempre conseguia uns três ou quatro rins a mais para vender no mercado negro.
V.
Quando o Pierrot levou a Colombina para a cama, descobriu que, na verdade, ela era o Arlequim.
VI.
Vinte facadas foi pouco para aquela atriz nojenta que roubara sua realeza. A avenida era toda sua, outra vez. Avante, bateria!
VII.
Morria de medo da Quarta-Feira de cinzas. Acordava com a realidade a beliscar suas pernas, apenas mais um na multidão.
VIII.
Acordou chorando. Tirou a tinta do corpo, vestiu o uniforme. E lá foi ela enfiar a rotina goela abaixo outra vez...
IX.
Mastigou sem pressa o último pedaço de carne. Delicioso! Fígado de foilão, agora, só no ano que vem...